O perigo da “certeza absoluta”: como evitar decisões ruins e transformar sua visão estratégica

Você já tomou uma decisão com total confiança, apenas para descobrir mais tarde que havia alternativas muito melhores que simplesmente ignorou? Esse cenário é mais comum do que imaginamos, especialmente no mundo dos negócios, onde a pressão por resultados rápidos muitas vezes nos leva a confiar demais em nossa intuição ou experiência. No entanto, essa certeza excessiva pode ser uma armadilha perigosa, custando caro em termos de tempo, recursos e oportunidades perdidas.

A verdade é que a certeza absoluta nos cega. Ela nos impede de enxergar além do óbvio, de considerar riscos ocultos e de explorar caminhos alternativos que poderiam levar a resultados mais eficazes e inovadores. Por outro lado, empresários e gestores que cultivam uma mentalidade aberta, questionadora e colaborativa tendem a tomar decisões mais estratégicas e adaptáveis, capazes de enfrentar os desafios de um mercado em constante transformação.

Vamos explorar esse tema em três atos, desvendando como a certeza excessiva pode sabotar suas decisões, por que a abertura para novas perspectivas é essencial e como a incerteza, quando bem administrada, pode se tornar sua maior aliada.

A certeza excessiva: uma armadilha silenciosa

Muitas decisões empresariais são tomadas com base em intuição, experiência pessoal ou até mesmo no otimismo excessivo. Embora a confiança seja importante, ela se torna perigosa quando nos impede de questionar nossas próprias suposições ou de considerar dados e cenários alternativos. A certeza excessiva cria uma falsa sensação de segurança, fazendo com que ignoremos informações valiosas que poderiam mudar completamente o rumo de uma decisão.

Imagine um gestor que está absolutamente certo de que um novo produto será um sucesso no mercado. Ele ignora pesquisas de mercado que sugerem que o público-alvo pode não estar interessado, rejeita feedback da equipe de vendas e não considera cenários alternativos, como mudanças nas tendências de consumo. Essa “certeza excessiva” pode levar a um lançamento mal-sucedido e a prejuízos significativos.

O que faltou nessa decisão?

· Avaliação de diferentes cenários: O que aconteceria se o mercado local fosse menos receptivo?

· Perguntas estratégicas: Quais são os riscos envolvidos? Quais são as alternativas?

· Abertura para ouvir outras opiniões: O que especialistas, consultores ou até mesmo funcionários poderiam acrescentar à discussão?

Aqui, é importante diferenciar entre “certeza absoluta” e “certeza excessiva”.

A ideia de “certeza excessiva” ou “certeza absoluta” pode parecer contraditória à primeira vista, já que, por definição, a certeza implica uma convicção total sobre algo. No entanto, no contexto da tomada de decisões, esses termos são usados de forma mais figurativa para descrever um estado mental em que a confiança na própria visão ou conhecimento é tão grande que impede a consideração de outras possibilidades ou perspectivas.

A “certeza absoluta” é um conceito teórico que implica uma convicção total, sem margem para dúvidas. Já a “certeza excessiva” é um fenômeno prático e psicológico, que descreve uma confiança desproporcional nas próprias opiniões ou decisões, muitas vezes sem uma base sólida de dados ou análise.

Ambos os conceitos servem como alertas para a importância de manter uma mentalidade aberta, questionadora e humilde, especialmente em contextos complexos e dinâmicos. A certeza excessiva não fortalece decisões; ela as enfraquece. Quem decide sem questionar se está realmente certo assume riscos desnecessários e perde oportunidades de crescimento.

Abertura para novas perspectivas: a chave para decisões estratégicas

Tomar boas decisões não significa ter todas as respostas, mas sim fazer as perguntas certas e estar disposto a ouvir quem pode trazer insights valiosos. Empresários e gestores verdadeiramente estratégicos entendem que a sabedoria coletiva é muito mais poderosa do que o conhecimento individual.

Compare duas mentalidades:

Mentalidade fechada:

· “Já sei o que fazer.”

· “Sei mais do que qualquer um sobre o meu negócio.”

·  “Não preciso ouvir outras opiniões.”

Mentalidade aberta:

·  “O que eu ainda não considerei sobre essa decisão?”

·  “Quem pode me trazer uma visão diferente?”

· “O que poderia dar errado nesse cenário?”

Um exemplo prático: um empresário deseja expandir seu negócio. Em vez de confiar apenas em sua intuição, ele consulta especialistas em franchising, advogados, contadores e até mesmo clientes para entender os riscos, oportunidades e alternativas. Ao explorar diferentes perspectivas, ele descobre que um modelo de franquia pode ser mais lucrativo e menos arriscado do que abrir novas unidades próprias.

Essa decisão não foi tomada com base em certezas absolutas, mas sim na busca por informações, questionamentos e colaboração.

A incerteza como aliada: o poder do “Não Saber”

Muitas pessoas evitam a incerteza porque ela gera desconforto.

Queremos respostas imediatas, soluções rápidas e garantias de sucesso.

No entanto, grandes decisões exigem que nos sintamos confortáveis em permanecer, por um tempo, na zona do “não saber”. É nesse espaço que as melhores ideias surgem, onde a inovação é cultivada e onde oportunidades ocultas são reveladas.

Empresas como Apple, Tesla e Amazon não chegaram ao topo seguindo certezas absolutas. Elas exploraram possibilidades, testaram hipóteses e se permitiram mudar de direção ao longo do caminho. Jeff Bezos, fundador da Amazon, inicialmente acreditava que a empresa seria apenas uma livraria online. No entanto, ao observar dados de mercado, testar novas ideias e aceitar o “não saber”, ele transformou a Amazon em um gigante do varejo digital.

Se Bezos tivesse seguido apenas sua certeza inicial, a Amazon nunca teria se tornado o que é hoje. A incerteza, quando bem administrada, é uma aliada poderosa. Ela nos permite enxergar além do óbvio e tomar decisões verdadeiramente estratégicas.

Como aplicar isso ao seu negócio

Tomar decisões mais estratégicas e evitar a armadilha da certeza excessiva exige uma mudança de mentalidade e a adoção de práticas que promovam a reflexão, a colaboração e a análise crítica. Abaixo, detalho como você pode aplicar esses conceitos no dia a dia do seu negócio:

1. Questione suas certezas

Antes de tomar qualquer decisão importante, faça uma pausa e pergunte-se:

· “Será que eu realmente tenho todas as informações?”

· “O que eu poderia estar ignorando?”

· “Quais são os possíveis cenários que não estou considerando?”

Exemplo prático: Um empresário está prestes a lançar um novo produto. Em vez de confiar apenas em sua intuição, ele decide questionar suas certezas:

·         Ele analisa dados de mercado para entender se há demanda real.

·         Testa o produto com um grupo de clientes antes do lançamento oficial.

·         Considera cenários alternativos, como mudanças nas preferências do consumidor ou a entrada de um concorrente no mercado.

2. Busque perspectivas diferentes

Nenhum líder, por mais experiente que seja, tem todas as respostas. Por isso, é essencial buscar opiniões e insights de pessoas com diferentes formações, experiências e perspectivas.

Como fazer isso na prática:

· Converse com especialistas: advogados, contadores e analistas de mercado podem trazer visões técnicas que você não teria sozinho.

· Ouça sua equipe: funcionários de diferentes setores podem oferecer insights valiosos sobre operações, clientes e desafios internos.

· Engaje clientes e fornecedores: eles podem fornecer feedback sobre o que funciona (ou não) no mercado.

Exemplo prático: Um gestor quer expandir seu negócio através da aquisição de uma outra empresa. Em vez de confiar apenas em sua experiência, ele:

·         Consulta um advogado especializado em direito societário para entender o que dá segurança jurídica ao negócio

·         Conversa com um consultor de mercado para avaliar a viabilidade do projeto.

·         Obtém feedback de clientes e fornecedores sobre como a expansão pode impactar os negócios atuais.

3. Fique confortável com a incerteza

A incerteza não é um sinal de fraqueza, mas uma oportunidade para explorar novas possibilidades. Em vez de buscar respostas imediatas, permita-se permanecer na zona do “não saber” por um tempo, enquanto coleta informações e analisa diferentes cenários.

Como fazer isso na prática:

· Teste hipóteses: antes de comprometer recursos com uma decisão, faça testes piloto ou simulações para avaliar os resultados.

· Adote uma mentalidade de aprendizado: encare cada decisão como um experimento, onde o objetivo é aprender e ajustar o curso, se necessário.

· Mantenha-se flexível: esteja disposto a mudar de direção se novas informações ou circunstâncias surgirem.

Exemplo prático: uma empresa de tecnologia está desenvolvendo um novo software. Em vez de lançar o produto final imediatamente, ela:

·         Lança uma versão beta para um grupo seleto de usuários.

·         Coleta feedback e faz ajustes com base nas respostas.

·         Só então lança o produto no mercado, com maior chance de sucesso.

4. Crie uma cultura de questionamento e colaboração

Para que essas práticas sejam efetivas, é preciso que toda a organização esteja alinhada com uma cultura que valorize o questionamento, a colaboração e a busca por melhores soluções.

Como fazer isso na prática:

· Incentive o diálogo: crie espaços para discussões abertas, onde todos se sintam à vontade para compartilhar ideias e opiniões.

· Promova a humildade intelectual: reconheça que ninguém tem todas as respostas e que o aprendizado contínuo é essencial.

· Recompense a inovação: valorize funcionários que trazem novas perspectivas ou soluções criativas para os desafios da empresa.

Exemplo prático: Uma empresa de varejo implementa um programa de “ideias inovadoras”, onde os funcionários podem sugerir melhorias para processos, produtos ou serviços. As melhores ideias são implementadas, e os colaboradores são reconhecidos e recompensados.

O jurídico como diferencial estratégico

No mundo dos negócios, a atuação de especialistas, especialmente no campo jurídico, é fundamental para evitar decisões que possam resultar em prejuízos financeiros, litígios ou até mesmo danos à reputação da empresa. Um advogado especializado em direito empresarial pode ajudar a identificar riscos legais que passariam despercebidos por um gestor sem formação na área.

Imagine um empresário que decide expandir suas operações para outro país. Ele pode estar confiante de que o modelo de negócios que deu certo no mercado local será replicado com sucesso no exterior. No entanto, sem a consultoria de um advogado especializado em direito internacional, ele pode ignorar questões como: (i) regulamentações tributárias específicas do país; (ii) leis trabalhistas que exigem adaptações nos contratos de funcionários e (iii) restrições à importação ou exportação de produtos.

Um especialista jurídico não apenas alerta sobre esses riscos, mas também propõe soluções para mitigá-los, como a elaboração de contratos adaptados, a criação de estruturas societárias mais eficientes ou a obtenção de licenças necessárias.

O jurídico não deve ser visto apenas como um recurso para resolver problemas, mas como uma ferramenta estratégica para prevenir riscos e identificar oportunidades. Um advogado especializado pode ajudar a tomar decisões mais seguras e alinhadas com as melhores práticas legais.

Como aplicar o jurídico estratégico:

· Avaliação de riscos: Antes de tomar uma decisão, consulte um advogado para identificar possíveis riscos legais, como questões tributárias, trabalhistas ou contratuais.

· Estruturação de contratos: Um advogado pode ajudar a criar contratos que protejam seus interesses e minimizem disputas futuras.

· Conformidade regulatória: Garanta que suas operações estejam em conformidade com as leis e regulamentações do setor.

Além disso, em casos de litígios, o advogado pode atuar de forma preventiva, evitando que pequenos problemas se transformem em grandes disputas judiciais. Em resumo, a consultoria jurídica não é um custo, mas um investimento que protege o empresário e sua empresa de decisões que poderiam ter consequências catastróficas.

Concluindo

A certeza excessiva é uma armadilha que nos impede de enxergar alternativas melhores e de tomar decisões verdadeiramente estratégicas. A abertura para novas perspectivas, por outro lado, nos permite questionar nossas suposições, ouvir opiniões valiosas e explorar caminhos inovadores.

A incerteza, longe de ser uma inimiga, é uma aliada poderosa. Ela nos convida a explorar o desconhecido, a testar novas ideias e a nos adaptar às mudanças. Grandes líderes e empresas não chegaram ao topo seguindo certezas absolutas, mas sim abraçando a incerteza e transformando-a em oportunidades.

E no campo jurídico, essa mentalidade é ainda mais crucial. Um jurídico estratégico não se limita a resolver problemas quando eles surgem; ele atua de forma preventiva, identificando riscos, propondo soluções e garantindo que as decisões empresariais estejam alinhadas com as melhores práticas legais. Um advogado especializado não é apenas um suporte técnico, mas um parceiro estratégico que ajuda a transformar desafios em vantagens competitivas.

Que tal começar hoje mesmo a repensar suas certezas? Converse com um especialista, busque novas perspectivas e explore o que você ainda não sabe. Compartilhe suas reflexões nos comentários ou entre em contato com um advogado especializado para transformar suas decisões em oportunidades reais de crescimento. Afinal, a jornada para decisões mais estratégicas e inovadoras começa com uma simples pergunta: “E se eu estiver errado?”

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